Presidente brasileiro também falou sobre migração, pobreza, big techs e clima, além de destacar julgamento de Bolsonaro e homenagear Mujica e Papa Francisco
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu nesta terça-feira (23) a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, cumprindo a tradição de o Brasil ser o primeiro país a discursar. Em uma fala de cerca de 18 minutos, Lula abordou temas nacionais e internacionais, criticou políticas de sanções, defendeu a democracia e denunciou o que classificou como genocídio em Gaza.
Críticas às sanções e defesa da democracia
Sem citar nominalmente Donald Trump, Lula atacou as “sanções arbitrárias e unilaterais” impostas pelos Estados Unidos e afirmou que o multilateralismo vive “uma nova encruzilhada”.
Ele destacou ainda o julgamento histórico do Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro por atentar contra o Estado Democrático de Direito. Segundo Lula, não há pacificação sem justiça:
“Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Democracias sólidas vão além do ritual eleitoral: exigem redução das desigualdades e garantia dos direitos mais elementares.”
Migração, pobreza e igualdade de gênero
Lula comemorou a saída do Brasil do Mapa da Fome e afirmou que pobreza e desigualdade são inimigas da democracia. Ele criticou desigualdades de gênero e a xenofobia contra migrantes:
“A democracia falha quando as mulheres ganham menos que os homens ou morrem pelas mãos de parceiros. Ela perde quando fecha suas portas e culpa migrantes pelas mazelas do mundo.”
Big Techs e proteção à infância
O presidente citou os riscos e benefícios das big techs e destacou a legislação brasileira recente para proteger crianças e adolescentes no ambiente digital:
“A democracia também se mede pela capacidade de proteger as famílias e a infância.”
Genocídio em Gaza
Em um dos trechos mais duros, Lula classificou a situação em Gaza como genocídio e pediu que os países reconheçam a Palestina como Estado.
“Nada justifica o genocídio em curso em Gaza. Ali estão enterradas mulheres, crianças inocentes e também o direito internacional humanitário.”
América Latina e Cuba
O presidente falou sobre os desafios da América Latina, defendendo diálogo na Venezuela e paz no Haiti. Ele também criticou a inclusão de Cuba na lista de países que patrocinam o terrorismo.
Clima e COP30
Lula reforçou o papel do Brasil na COP30, que será realizada em Belém, e defendeu a criação de um conselho da ONU para monitorar compromissos climáticos: “Bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática. A COP30 será a COP da verdade.”
Homenagem a Mujica e Papa Francisco
No encerramento, Lula prestou homenagem ao ex-presidente uruguaio Pepe Mujica e ao Papa Francisco, lembrando-os como referências de valores humanistas. Ele concluiu com uma mensagem de esperança e coragem para enfrentar os desafios globais.