Em encontro incomum com centenas de comandantes em Quantico, presidente fala em “inimigo interno”, defende endurecimento cultural nas Forças e acena a expansão do Exército
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reuniu nesta terça-feira (30) centenas de generais e almirantes na Base do Corpo de Fuzileiros Navais, em Quantico (Virgínia), num encontro descrito por oficiais como atípico pela dimensão e pelo tom político. Em discursos sucessivos, Trump sugeriu que usará cidades americanas como “campo de treino”, atacou o que chama de cultura “woke” no Pentágono e ameaçou demitir “na hora” líderes que não se alinhem à sua visão.
A convocação foi articulada pelo secretário de Defesa, Pete Hegseth, que pediu aos presentes para “abraçar a visão MAGA” ou “pedir para sair”, defendendo padrões físicos mais rígidos e criticando políticas de diversidade. Em trecho que gerou reação de congressistas, Hegseth e Trump estimularam o abandono do “politicamente correto”, com o presidente advertindo que “quem sair da sala, perde o posto e o futuro” — frase interpretada como pressão por lealdade ideológica.
Fontes do próprio Departamento de Defesa relataram incômodo com o encontro, classificando-o como partidário e dispensável num momento em que a cúpula deveria focar em ameaças como a China. Também houve críticas de que concentrar tantos líderes em um único local representa risco de segurança. Aliados do governo, por outro lado, afirmam que a reunião reforça prioridades e busca reverter o que chamam de “decadência do Pentágono”.
Em paralelo, Trump voltou a defender a ampliação das Forças Armadas e sinalizou mudanças de comando caso perceba resistência interna. A movimentação é vista por analistas como parte de um esforço para reformatar a cultura do Pentágono e alterar o perfil da alta liderança.
Especialistas lembram que propostas como empregar tropas em cidades elevam preocupações legais, incluindo o Posse Comitatus Act, que restringe o uso de militares em missões de policiamento doméstico. No Congresso, democratas classificaram a retórica como “coerção política”; parte dos republicanos aplaudiu o tom duro do presidente.