Acordo mediado por EUA, Egito e Catar abre caminho para retirada militar, entrada de ajuda e negociações sobre o futuro de Gaza; Trump diz que “a guerra acabou”
A guerra entre Israel e Hamas entrou numa nova fase com a libertação dos 20 últimos reféns israelenses vivos e a soltura de mais de 1,9 mil presos palestinos, no âmbito de um cessar-fogo abrangente. As trocas ocorreram em etapas monitoradas por organismos internacionais e fecharam um ciclo iniciado com o ataque de 7 de outubro de 2023. O anúncio foi acompanhado por manifestações de líderes mundiais e pela promessa de um processo político para consolidar a trégua.
Em Jerusalém, Donald Trump afirmou que este é o “início de uma nova era no Oriente Médio” e declarou que “a guerra acabou”, ao mesmo tempo em que se deslocava para uma cúpula no Egito dedicada aos termos da paz e à reconstrução. O cessar-fogo vinha se mantendo desde o fim de semana, preparando o terreno para a libertação de reféns e a abertura de corredores humanitários.
O que foi acordado
- Reféns e prisioneiros: libertação dos 20 reféns israelenses vivos e repatriação de restos mortais de parte dos sequestrados; em contrapartida, 1,7–1,9 mil presos palestinos deixaram a prisão, em listas definidas por ambas as partes.
- Cessar-fogo e retirada: manutenção da trégua com retirada gradual das tropas israelenses de áreas de Gaza e verificação internacional do cumprimento.
- Ajuda humanitária: entrada ampliada de assistência, com dezenas a centenas de caminhões por dia via Egito e mecanismos para distribuição segura.
- Próximas etapas políticas: cúpula no Egito para definir desmilitarização, governança e reconstrução de Gaza, sob um roteiro de três fases negociado ao longo de 2024/2025.
Como foi a libertação
As famílias se reuniram em bases militares israelenses após a entrega dos reféns, em cenas de forte comoção. Paralelamente, ônibus com prisioneiros palestinos chegaram à Cisjordânia sob celebrações. A operação foi escalonada ao longo do dia para reduzir riscos e permitir checagens médicas e de identidade.
O que muda em Gaza agora
Com a trégua, infraestruturas críticas (água, energia, saúde) começam a receber insumos, enquanto equipes técnicas iniciam avaliações de danos para um plano plurianual de reconstrução. Relatos de campo indicam moradores retornando a áreas devastadas e comércio ensaiando reabertura limitada, sob supervisão de segurança.
O que ainda é incerto
Especialistas ponderam que a sustentação do cessar-fogo depende de:
- mecanismos de verificação e responsabilização para violações;
- arranjo de segurança que impeça rearmamento e ataques transfronteiriços;
- modelo de governança em Gaza com legitimidade local e aceitação regional;
- financiamento estável para reconstrução e reintegração de deslocados.
Reações internacionais
Líderes europeus e regionais celebraram o avanço e pediram que o acordo seja transformado em paz duradoura. Washington reforçou que seguirá mediando e financiando a estabilização inicial, enquanto a ONU destacou a urgência de proteger civis e garantir acesso humanitário pleno.