Instabilidade na AWS começou na madrugada desta segunda (20), atingiu serviços populares como Snapchat, Fortnite, Signal, Canva e plataformas financeiras; Amazon aponta foco no data center US-East-1 e problemas de DNS/load balancers
A Amazon Web Services (AWS) enfrentou, nesta segunda-feira (20), uma pane de grande escala que derrubou ou degradou o funcionamento de mais de 500 aplicativos e sites em diferentes países. Entre os afetados estiveram Snapchat, Roblox, Fortnite, Signal, Canva, Prime Video/Alexa e serviços financeiros como Robinhood, Venmo e Coinbase, além de portais de governo e bancos no Reino Unido. A interrupção começou por volta das 04h10 (horário de Brasília) e levou cerca de três horas para estabilizar a maior parte dos sistemas, segundo comunicados e monitoramentos públicos.
O que causou a falha
Indícios técnicos iniciais apontam para um incidente concentrado na região US-East-1 (Virgínia do Norte) — coração da infraestrutura da AWS — envolvendo componentes de DNS e balanceadores de tráfego internos. A consequência foram altas taxas de erro e latência em serviços de base da nuvem (rede, autenticação, API gateways), com efeito cascata sobre aplicativos dependentes. A Amazon tratou o caso como falha operacional, sem evidências de ataque.
Quem foi impactado
- Apps sociais e de mensagem: Snapchat, Signal;
- Games e entretenimento: Fortnite, Roblox, PlayStation Network, Prime Video/Alexa;
- Ferramentas de trabalho/estudo: Duolingo, Canva, Airtable;
- Finanças e cripto: Robinhood, Venmo, Chime, Coinbase;
- Setor público e telecom (Reino Unido): órgãos fiscais, bancos e operadoras.
No Brasil, usuários relataram instabilidades em e-commerce e aplicativos de delivery/serviços nas primeiras horas da manhã, à medida que integrações hospedadas na AWS ficaram intermitentes.
Linha do tempo (horário de Brasília)
- ~04h10 – Disparam os relatos em agregadores de status e redes técnicas.
- 05h–07h – AWS reconhece erros elevados/latência em múltiplos serviços.
- ~07h30 – Mitigação em andamento; a maioria dos apps começa a retornar.
- Manhã – Recuperação desigual enquanto equipes reequilibram tráfego e recriam recursos afetados.
Por que uma falha na AWS derruba “meia internet”?
Especialistas destacam a hiperconcentração de serviços críticos em poucos provedores de nuvem (Amazon, Microsoft, Google). Quando um serviço de base (DNS, identidade, roteamento, balanceamento) falha numa região muito usada, milhares de aplicativos são afetados — mesmo que seus próprios servidores estejam íntegros — por causa das dependências (bancos gerenciados, filas, autenticação, CDN, etc.). A recomendação é adotar arquiteturas multi-zona/multi-região e, quando viável, multi-cloud, com testes frequentes de failover.
O que as empresas afetadas devem fazer agora
- Pós-mortem técnico: mapear dependências (DNS, balanceadores, IAM, VPC, gateways) e reduzir pontos únicos de falha;
- Revisar RTO/RPO: metas de tempo de recuperação e perda tolerada de dados adequadas ao negócio;
- Failover automatizado: replicação multi-zona/multi-região e, se possível, provedor secundário para DNS e identidade;
- Observabilidade: telemetria ponta a ponta (logs, traces, métricas de usuário real) para detectar degradação cedo;
- Comunicação: planos claros para informar clientes durante incidentes.
A AWS já normalizou tudo?
A Amazon informou que os principais serviços foram estabilizados poucas horas após o início da pane, mas resíduos de instabilidade podem persistir enquanto clientes reindexam dados, reiniciam pipelines e reconectam integrações — a chamada “cauda longa” de correções.
Por que isso importa (e o que vem pela frente)
- O episódio é visto como o mais significativo desde 2024 e reaquece o debate sobre resiliência regulatória de provedores considerados “terceiros críticos”.
- Setores financeiro e público na Europa discutem exigir redundâncias e testes de continuidade mais rígidos para serviços em nuvem.
